sexta-feira, 20 de julho de 2012

ENGASGO DOS MALEFÍCIOS [SEN]TIDOS




Há situações que machucam a alma. Nem sempre percebemos... Engasgam. É como a pena que escreve linhas destoadas, desenganadas, enroladas em longos pergaminhos. E a confusão entre manchas e palavras faz com que pedrinhas lançadas ao lago formem ondas desavisadas, transformando cenários em outras paisagens ainda não reveladas.
Sinto muito quando posso ser motivo, ou deixo que me usem como espinho... Tenho tantos equívocos e colho os matinhos que nascem à beira da calçada. No entanto, durante a caminhada, tento não fechar os ouvidos aos cantos dos passarinhos, aprecio o céu, o mar... Assim como sinto o perfume das flores que habitam distante...
Estou tentando, meu canto parece, às vezes, uma revoada silenciada na busca nem sempre “educada” pelo equilíbrio e autoconhecimento. Ora, dilacerante, ora é doce, tranqüilo, relaxado... É difícil desconstruir casulos seculares...
 
 
Maris Figueiredo 

sexta-feira, 13 de julho de 2012

CARTA DE ADEUS

Aos dias abissais,
Daqueles esquecidos atrás de muros:
Essas proteções derretidas, frágeis, degelo
Das emoções contidas e aquecidas
De choro no escuro...

Aos dias abissais,
Daqueles que a única dádiva é
Alimentar os musgos
E todo um  verde
Espaçado de esperança
Que se enraíza, prometendo
Transformar o futuro...


Aos dias abissais

Daqueles emudecidos pelos pesares
Marcados dos passos descalços de um tímido sorriso...
Desabrochar de vida para o
Portal iluminado que se abre

Adeus!

Pois que já avisto
Ao longe a amplidão das esferas
Descortinando um verde azuladinho brilhante,
Entre tons lilás das minhas cortinas e
Não fecho mais as janelas

Peixes dançam
Em um rio encantado, 
 Onde um barco de papel flutuando,
Na imaginação do menino que o segue empurrando,
Carrega tantos sonhos

Avisto
Nuvens delicadas se aprumando
E de mansinho respingos de chuva molham
Os campos


Adeus!

Maris Figueiredo




quarta-feira, 11 de julho de 2012

MEMÓRIAS

 
AMO O COTIDIANO, O SEGUNDO DE ENCANTAMENTO.  SUA SIMPLICIDADE... A VIDA NOS DETALHES DESCRITOS EM SENTIMENTOS...
ACHO QUE É O MOMENTO EM QUE A ALMA SE PRESERVA ANÔNIMA NA FELICIDADE QUE NÃO ALARDEIA. APENAS SENTE...
SILENCIOSA, BRILHA, SORRI... POR ISSO, TRANSFORMA TUDO NO BELO QUE ESPELHA!
 
MARIS FIGUEIREDO
 
 
 
 


segunda-feira, 9 de julho de 2012

CARTA AOS DIAS EM QUE O MAR ARREBENTA

Às vezes, o mar arrebenta. Quebra recifes, parece desordenado. E tudo é tormenta. 
De repente, as ondas perdem força, o mar recua... A areia retorna e desliza suavemente em filetes de água. A vida parece o mar. Meu cenário nesses dias é de desconstrução... Procuro uma ilha. Uma grande falta de coragem me sentir aflita aos movimentos comuns da vida.

Me recolho num esforço inúmero pra acompanhar os movimentos do mar em dias de tormenta e gozar sua brandura.
Ultimamente, tenho fechado os olhos e mergulho... Castelos na areia não sobrevivem, mas são belos e alegram a alma. Desconstruções e construções são condições de quem existe, e existir me parece mais que viver.

MARIS FIGUEIREDO


sábado, 7 de julho de 2012

CARTAS PARA O SOL DAS MANHÃS DE ENCANTO




TEUS CÉUS SÃO RISCADOS DE RIMAS, NUM PERFUME DE ROSAS...
TRAÇADOS DE UM MAPA NO ASTRAL, DESENHADO EM TUAS MÃOS CORAJOSAS. E QUÃO GRANDE  A EXPLOSÃO QUE TE DESPIU DAS LUZES, MERGULHANDO NO CAOS DA ILUSÃO TERRENA, TE TORNANDO SIMPLES CAMINHANTE...

A NOITE ESCURA TE GUARDA, ACOLHE COM TEU MANTO...TEU BERÇO DE ESTRELAS NO ANOITECER DAS GALÁXIAS, SOPRA SONS DE ACALANTO...

TÃO PROTEGIDO ESTÁS SEM QUE TE PERCEBAS. 

A MAGIA DO AMOR QUE ENSEJAS, SE ESPALHA MISTERIOSAMENTE EMPREGNANDO A ATMOSFERA AFLITA DE ENTENDER O QUE REALMENTE SOMOS.

POR ISSO, DISTRAÍDO, TEU OLHAR DISTANTE,  OUVE AO LONGE, AS VOZES QUE AINDA ECOAM DE UM PARALELO MUNDO QUE ATRAI AS LEMBRANÇAS DE OUTRAS EXISTÊNCIAS.  
 

EU SINTO TUA ALMA FLUTUANDO POR  INSTANTES, UMA NOSTALGIA INVADE OS MEUS, OS TEUS DIAS... POIS AINDA LEMBRAMOS DOS
TRIGOS QUE BALANÇAVAM NOS CAMPOS, DAS HERAS VERDINHAS, DOS SERES SIMPLES QUE HABITAM O MUNDO, SERVINDO À  NATUREZA E PROTEGENDO A VIDA.


OS SÉCULOS PASSARAM VIAJANDO NAS HISTÓRIAS QUE CONSTRUÍMOS  E NAS EMBARCAÇÕES NOS REENCONTRAMOS, NOS DESPEDIMOS... DEIXANDO APENAS AS SENSAÇÕES QUE GUARDAMOS. 
PENSO QUE ESSE MAR DAS MEMÓRIAS MERGULHADAS, NOS AGUARDA O DESPERTAR DE UM SONO...

NO CÉU DE CONSTELAÇÕES E MISTÉRIOS TECEMOS NOSSAS RENDAS EMBARAÇADAS ENTRE FIOS DE BELEZA, HARMONIA... MAS TAMBÉM, DE ENGANOS.

SENTINDO QUE TE AMO, GUARDO APENAS A SENSAÇÃO DE ERAS E PROCURO ME ENGANAR, CHAMANDO DE ANOS. 

AS FLORES CRESCEM, OS RIOS SEGUEM, O MAR INVADE.... TRISTEMENTE A NATUREZA FENECE TÃO DIFERENTE DAQUELES TEMPOS QUE NOS ENCONTRAMOS...

QUE SAUDADE DA ESSÊNCIA DO QUE SOMOS...
DE UM COLORIDO DELICADO RODOPIANDO ENTRE AS RAMAGENS, NAS SAUDOSAS TARDES QUE NOSSAS TESTEMUNHAS ERAM O CÉU, FLORES, PÁSSAROS E ÁRVORES SECULARES....



Maris Figueiredo
Maris Figueiredo