sábado, 29 de abril de 2017

ALIENAÇÃO

Deixou apenas ser luz
As estrelas
Acreditou
Que folhas secas
São as dúvidas
Que secam

Tudo
Ficou sem sentido
Como o apelo
De ser
Que
Deixou-se macerar
No tempo
Da indiferença

E até mesmo
A xícara de café
Que o acordava
Esfriou
No esquecimento
Do que era

Sorriu

Que por fim,
O amanhecer
Se tornou
Risada de uma
Tristeza
Que não existia

MARIS FIGUEIREDO

"MÃOS EM OBRAS"



"MÃOS DE OBRAS"

Trabalho em casa...
Planejo...
Corrijo avaliações...
Discuto com meus botões...

Às vezes, me sinto usada
Por tantos lados,
Multifacetados
Turvos
Tantos, todos, tolos
Entrelaçados
Uma teia de enganos

Da minha pequenez
E da minha frágil intelectualidade
Avisto muito bem as minhas dúvidas
Minhas dívidas e procuras
Meus equívocos
Dores
Os dias de alegrias
Os dias de
Doçuras junto a alguns
Irmãos de labuta
Aqueles que tornam leve
O fardo de tanta luta

Me deixem então
Buscar-me!
Considerada desertora por aqueles
Que sequer me escutam os passos
Eles estão tão alto
Não me enxergam aqui embaixo
Apenas enxergam pontos
Datas, horários
Descontos
Onde eu enxergo gente
Histórias, dias de aprendizado
Comungando com aqueles que todos
Os dias me encontram nas salas
Nos setores de trabalho...

Minhas mãos de obras
Meu coração pulsando vida, desejoso de obras

Meus pensamentos que constroem obras, que criam obras, que dão sentido a elas...
E todo meu corpo

Serão assim desprezados?

Sim, eu sei
Me sinto usada
Por tantos lados

Maris Figueiredo