Trabalho em casa...
Planejo...
Corrijo avaliações...
Discuto com meus botões...
Às vezes, me sinto usada
Por tantos lados,
Multifacetados
Turvos
Tantos, todos, tolos
Entrelaçados
Uma teia de enganos
Da minha pequenez
E da minha frágil intelectualidade
Avisto muito bem as minhas dúvidas
Minhas dívidas e procuras
Meus equívocos
Dores
Os dias de alegrias
Os dias de
Doçuras junto a alguns
Irmãos de labuta
Aqueles que tornam leve
O fardo de tanta luta
Me deixem então
Buscar-me!
Considerada desertora por aqueles
Que sequer me escutam os passos
Eles estão tão alto
Não me enxergam aqui embaixo
Apenas enxergam pontos
Datas, horários
Descontos
Onde eu enxergo gente
Histórias, dias de aprendizado
Comungando com aqueles que todos
Os dias me encontram nas salas
Nos setores de trabalho...
Minhas mãos de obras
Meu coração pulsando vida, desejoso de obras
Meus pensamentos que constroem obras, que criam obras, que dão sentido a elas...
E todo meu corpo
Serão assim desprezados?
Sim, eu sei
Me sinto usada
Por tantos lados
Maris
Figueiredo
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